Concessa Tecendo Prosa (Crédito: Cuia Guimarães)
Por Renato Mendonça
Depois de 13 anos percorrendo palcos do Brasil, Concessa finalmente chega a Porto Alegre. E vem em dose dupla: “Concessa – Tecendo Prosa” vai estar em cartaz em Porto Alegre, em Novo Hamburgo e em Caxias do Sul, enquanto “Concessa – Pendura e Cai” estará apenas na Capital (confira detalhes no link da Liga).
Concessa é uma criação de Cida Mendes, dona de casa do Interior que utiliza sua simplicidade e seu senso de humor para desconstruir as complexidades do mundo globalizado. No fim das contas, Concessa é a reserva de emoção e de boas intenções que cada um de nós gostaria de ver em cena a cada momento de nossa vida. No site da Concessa, a gente pode ler receitas culinárias, conselhos e um pouco da sua filosofia de vida:
“Esse currimento da cidade grande só serve pra isso. Dar estréque na gente. Hoje, quando vô numa roça e sinto a tranquileza, penso com meus botão: pra que vivê amuntuado na cidade, com tanto lugar pra esparramá? Vai entendê… é um paranoxo!”
Convidamos a atriz gaúcha Deborah Finocchiaro, amiga de Cida há vários anos e criadora da personagem Maria, de “Pois É, Vizinha”, para que elas conversassem um pouco. Confira abaixo, um trecho do papo das comadres “Concessa” e “Maria”.
Deborah Finocchiaro – Em quem você se inspirou para criar a Concessa?
Cida Mendes – Acho que minha primeira inspiração foi minha mãe, que criou 11 filhos, trabalhava muito e tinha um bom humor danado. Mas sempre tive um olhar para essas doninhas espertas. Quando comecei no teatro, o primeiro personagem que fiz foi uma vovozinha às avessas meio taradinha. Fui pegando gosto pela coisa e fiz uma lavadeira com uma amiga. Não sei dizer quando fiz a Concessa pela primeira vez. Acho que ela foi transmutando a partir da visão e da memória de minha mãe até chegar na personagem. Quando tive que assumir isso no palco, comecei fazer uma coisa mais objetiva.
Deborah – Houve mais alguma contribuição para completar a personagem?
Cida – Começamos a visitar algumas mulheres, entrevistar mesmo, até que conheci uma senhorinha em Pará de Minas (cidade natal de Cida, a 76 quilômetros de Belo Horizonte), chamada Dona Concessa. Que delícia! Foi uma empatia imediata mesmo. Gravei muitas conversas com ela… Daí resolvi batizar a personagem com esse nome. Foi assim que tudo começou, em 1994 dentro do nosso restaurante – Cantina Real (misto de restaurante e teatro, onde Cida apresentava esquetes cômicos).
Deborah – Por onde a Concessa já andou?
Cida – No ano seguinte tive uma proposta para uns trabalhos em Goiânia e ficamos por lá cinco anos. Foi nessa época que rolou o Prêmio Multishow (1997) e criamos o Tecendo Prosa. Daí, começamos a circular… Depois da estréia do espetáculo e de uma longa temporada em Goiânia, comecei a fazer alguns programas de humor que abriram caminho para que a circulação estrapolasse Goiás e Minas Gerais que eram e continuam sendo meus redutos. Depois de cinco anos circulando vieram os festivais que abriram outros caminhos. E cá estamos há 13 anos em cartaz. Com duas peças e uma terceira a caminho. É uma vida de caminhoneiro com um pouquinho mais de charme.
Deborah – Há muitos improvisos nas peças da Concessa?
Cida – Quanto aos improvisos… Eles rolam numa medida de comunicação com a plateia. Sem forçar a barra, só fazendo uma escuta do público e respondendo quando cabe uma resposta. Nem gosto do termo “monólogo” porque o que rola é uma prosa muito viva com o público. Deixo a personagem conduzir a cena, sem aquela coisa de ficar expondo alguém da platéia para me dar bem. O bom é rir da gente mesmo.